Resenha do livro: O Circo Mecânico Tresaulti de Genevieve Valentine

               

                   Título original: Mechanique: A tale of the Circus Tresaulti
                   Editora Darkside Books
                   Literatura estrangeira/Ficção científica
                   Número de páginas: 318

Em pleno cenário pós-apocalíptico, O Circo Mecânico Tresaulti ergue sua lona e dá início ao grande espetáculo. Ambientado sobre a perigosa superfície de um mundo devastado, cheio de bombas e radiação remanescentes de uma guerra pela qual todos já saíram derrotados, este belo romance nos apresenta uma caravana circense em eterna viagem através de muitas cidades sem país, região ou rota definida. Lugares que podem não mais existir quando o circo retornar. Aqueles que se juntam ao circo procuram segurança, trabalho sem risco de vida ou apenas uma nova forma de recomeçar. E seguir adiante, apesar de tudo. Boss, a força motora do circo, agrega novos personagens, atraídos pela sua habilidade muito especial para recuperar corpos mutilados pela guerra, criando assim magníficos seres mecânicos pós-humanos – repletos de complexas engrenagens, placas de ferro, pétalas de cobre, pulmões relojoaria, rodas e pistões –, cada um trazendo para o circo algo nunca visto e sentido antes. O público se aglomera para ver de perto as proezas desse grupo de pós-humanos fascinantes mas por vezes sombrios. É nesse picadeiro que enxergamos uma parte de nós em uma delicada lente de aumento.

O Circo Mecânico Tresaulti me foi enviado com tanto capricho pela Darkside que me encantei por ele logo a primeira vista porque veio com tantos mimos fofos e a edição está simplesmente de babar. A história toda é incrível e eu nunca tinha lido nada parecido tanto pela trama como pela narrativa que é apresentada em 3 partes: em primeira pessoa por Little George, em terceira pessoa e tem partes que é utilizado o 'você' dando a impressão que se está falando diretamente conosco.

O livro é uma ficção científica e fantasia com cenário pós-apocalíptico, mas na minha humilde opinião eu achei que também tem traços de uma distopia por retratar um mundo cheio de guerras e o governo bem autoritário que está sempre se modificando. As cidades não sobrevivem por muito tempo e é a população que sofre com essa realidade caótica, já que cada um faz o possível para sobreviver.

A história é sobre o Circo Tresaulti que é comandado por Boss, uma mulher respeitada por todos no circo e que tem uma habilidade muito especial por causa de suas tatuagens de asas de grifo mecânica que possui nos braços, o emblema do circo. Através dela, ela consegue recuperar os corpos da guerra e fazê-los magníficos exemplares mecânicos como Ayar que tem pistões, engrenagens e uma coluna de ferro e Jonah que tem um pulmão mecânico. Além de conseguir trocar o esqueleto das trapezistas por tubos ocos de cobre porque assim elas conseguem ser mais resistentes, leves e fáceis de consertar.

Em uma eterna viagem, o circo percorre as cidades apresentando seu show e pode ser que nem passe na mesma por ela já ter deixado de existir. Toda essa mecânica faz com que os circenses não envelheçam e quem se junta a trupe é porque está procurando segurança, trabalho sem risco ou recomeçar a vida. Cada um tem seu número e importância no circo, além de se tornarem uma "família", porém um homem do governo tenta acabar com o circo, levando Boss para a capital. A partir daí, Little George, um garoto que ajudava no circo e não tinha nenhum número, vai se tornar importante na história e junto com os outros integrantes vão tentar salvar Boss e o próprio circo numa grande aventura de salvamento.

"A ideia do homem-de-metal atrai o público, todavia, não posso negar. Toda vez que ando pelo que hoje chamam de cidade e coloco um cartaz em uma parede bombardeada ou outra, as pessoas saem de trás de suas portas trancadas só para darem uma olhada de relance". pág 29

Durante a trama vamos conhecendo mais sobre cada integrante do circo como Elena e Ying que são trapezistas; Ayar; Johan; Stenos e Bird que tem um número juntos; Panadrome, o músico, entre outros, além de Little George que será uma peça fundamental para o circo. Eu gostei muito de George que é corajoso, mas tem suas dúvidas; de Boss que é destemida e acredita muito no circo e Ayar por ser leal e amigo. Também conhecemos um enigmático par de asas, objeto de uma guerra secreta nos bastidores do circo mecânico.

A leitura é muito prazerosa por mostrar o dia-a-dia do circo, as relações entre seus integrantes, as dificuldades encontradas por todos devido a situação atual do mundo, a lealdade e instinto de sobrevivência, além de retratar com maestria os personagens e ter uma trama bem elaborada e diferente que me conquistou inteiramente porque a obra em si é fantástica e me surpreendeu positivamente.

A edição está perfeita e super caprichada com desenhos, detalhes e algumas folhas pretas. A capa está simplesmente maravilhosa com uma belíssima ilustração e com a textura emborrachada. A Darkside está de parabéns por ter feito um trabalho super bem feito e encantador.

Recomendadíssimo para quem quer se aventurar num mundo fantástico que pode ser bem cruel.