Editora Contexto
Linguística/Estudo e ensino/Língua Portuguesa
Número de páginas: 227
“Abrangendo os principais objetos teóricos da Ciência da Linguagem, Introdução à Linguística traz para todos os interessados na compreensão da linguagem humana um repertório vastíssimo que abarca desde uma explicação do que é a Linguística, de como se processa a comunicação humana, até chegara uma apresentação minuciosa de seus cinco principais objetos teóricos criados nos séculos XIX e XX (langue, competência, variação, mudança e uso). Escrito por uma equipe de especialistas, sob a coordenação de José Luiz Fiorin, com textos testados em sala de aula, a obra consegue a proeza de ser ampla sem correr o risco de superficialidade. Mais que um livro, é um curso completo de Introdução à Linguística, agora à disposição de professores e alunos das universidades brasileiras.”
Não
sei se todos sabem, mas sou formada em Letras pela PUCPR. Sempre fui apaixonada
pelos livros, porém não foram eles que me levaram a escolher esse curso. Minha decisão
venho do amor que tenho pela Língua Portuguesa. Amor este que só se fortaleceu
com a leitura de livros como Introdução à Linguística I.
Esse
livro é leitura quase que obrigatória para os ingressantes no curso de Letras,
uma vez que oferece um panorama geral de alguns conceitos básicos da Linguística,
escrito por especialistas na área.
“Introdução
à Linguística I: Objetos Teóricos” é uma coletânea de artigos que elucidam
temas que vão desde o surgimento da Linguística, perpassando por seus objetos
teóricos mais antigos e atuais e mostrando os fenômenos naturais das línguas
nativas: a variação linguística.
“[...]
sem a linguagem não há como conhecer o homem. Ao mesmo tempo, [...] sem
conhecer a Linguística não há como conhecer a linguagem, não há como decifrar
seus mistérios, não há como revelar sua epifania.” (pág. 09).
O
livro tem, ao todo, 10 capítulos e em cada um deles uma importante parte da
Linguística é explicada de maneira bem clara. No primeiro, há a diferenciação entre
Linguagem (capacidade de se comunicar), Língua (os idiomas, por assim dizer) e
Linguística (a ciência que estuda os conceitos anteriores), baseando-se nos
conceitos de Saussure, o pai dos estudos linguísticos.
O
segundo artigo aborda os modelos teóricos desenvolvidos acerca da capacidade
humana de se comunicar. Muitos desses modelos servem de base ainda hoje para o
trabalho de outras áreas do conhecimento, tais como o modelo de Jakobson, base
para a construção dos discursos jornalísticos e publicitários.
O capítulo
seguinte trata sobre os signos linguísticos e a forma como construiu-se um
acordo consensual e coletivo a respeito de seus sentidos no dia a dia. Para
ficar mais claro, cada signo linguístico seria equivalente a uma palavra, a
qual sempre evoca uma imagem no cérebro, a fim de que esse a interprete. Para
exemplificar esses conceitos, o autor se apoiará em dois grandes clássicos da
literatura: Alice no País das Maravilhas e As viagens de Gulliver.
No
capítulo quatro é a vez de esmiuçar o objeto teórico da Linguística: a língua e
todas as variações de sentido que esse termo possui, de acordo com a teoria em
foco – gerativista, de Chomsky, ou estruturalista, de Saussure.
O
capítulo seguinte vai tratar sobre a importância de se estudar a Língua
Portuguesa na escola, mesmo que saibamos usá-la (com certa proficiência) desde
os 4 anos. Na minha opinião, esse é o capítulo mais legal do livro, pois mostra
a relação estreita que há entre as grandes áreas dos estudos linguísticos
(fonética e fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática).
Os
três capítulos seguintes abordarão a questão da variação linguística e as
mudanças que esse fenômeno natural causa nas línguas – aqui eles explicam, por
exemplo, por que e como passamos de “Vossa Mercê” para “Você” (já adianto, foi
um longoooo processo rs).
O penúltimo
artigo fala sobre a linguística textual, ou seja, as subcamadas do texto e os
motivos (conscientes ou não) que levaram o autor a fazer certas escolhas
linguísticas ao invés de outras. Toda forma de comunicação é intencional, e
toda escolha lexical traz consigo uma carga semântica que induzirá o leitor a
interpretar o texto de uma maneira e não de outra.
Por
fim, apresenta-se um panorama sobre as teorias de aquisição de linguagem, ou seja,
as várias visões teóricas (não apenas de linguistas, mas de outros estudiosos,
como, por exemplo, psicólogos.) que se tem sobre a capacidade humana de
comunicar-se por sistemas linguísticos. Se o capítulo cinco eu classifiquei
como mais legal, esse eu classifico como obrigatório – mesmo para aqueles que
não cursam Letras. Se você tem (ou pretende ter) filhos, leia esse artigo. Se
você conhece uma criança, leia-o – você nunca mais encarará um “ága” (água) da
mesma forma. Se você se interessa por games ou programação de computadores, sem
dúvidas, leia esse capítulo. Com certeza, você ficará admirado (e encantado)
com a complexidade do nosso cérebro em ser capaz de desenvolver e aprender
sistemas linguísticos de comunicação.
Depois
de tudo isso, é mais do que óbvio que eu indico esse livro, pois embora seja
uma leitura ‘teórica’, ela é bem clara e autoexplicativa, voltada, também, aos
leigos no assunto. E se você pensa em cursar Letras (<3), ou e interessa por
essa área, a leitura desse livro pode te oferecer uma ideia bem ampla do que
esperar do curso :)
Gabriele Sachinski