Resenha do livro: As garotas de Corona Del Mar de Rufi Thorpe

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018


         
Título original: The girls from Corona Del Mar
Editora Novo Conceito
Ficção/Romance Norte Americano 
Número de páginas: 285

“Lorrie Ann e Mia cresceram em uma cidade ensolarada da Califórnia dos anos 1990, em uma época em que as pessoas compravam facilmente uma casa na praia. Uma é o oposto da outra, mas são inseparáveis. E Lorrie Ann é o exemplo do que Mia sempre desejou ser. Entretanto, alguns imprevistos fazem com que sigam caminhos nunca imaginados por ambas. Ano após ano, Lorrie Ann e Mia vivem as consequências de suas ações e decisões do passado. Um encontro entre as duas alguns anos depois faz Mia questionar por que a vida delas tomou rumos tão diferentes. As garotas de Corona Del Mar é uma história sobre amor, maternidade, lealdade e, principalmente, a prova de que nem toda amizade é perfeita. Quanto verdadeiramente sabemos sobre as pessoas que amamos?”

Todo mundo já deve ter escutado, ou lido, pelo menos uma vez, que "mulheres têm um negócio chamado melhor amiga que é mais sério que casamento", não é mesmo? Esse livro leva isso bem a sério ao relatar a história de amizade entre Lorrie Ann e Mia.

Duas jovens garotas crescendo juntas em uma cidadezinha a beira-mar, com vizinhança fofoqueira e onde as aparências parece bastar para se tecer julgamentos e apostas sobre o futuro - promissor ou não. Foi com base nisso que Mia acreditava que, por vir de uma família desestruturada e por ser 'má' (irônica, impulsiva e egoísta), não teria grandes perspectivas, tendo que aceitar o que viesse e cuidar da mãe bêbada e dos irmãos mais novos. Por outro lado, a perfeita Lorrie Ann (linda, doce e cordial), vinda de uma família mais perfeita ainda, poderia ter tudo o que o mundo viesse a lhe oferecer.

Porém, a vida não oferece garantias, pelo contrário, ela adora jogar com nossos destinos e as vidas 'planejadas' começam a sair fora dos trilhos. Contrariando as expectativas, Mia sai da cidade para cursar Letras Clássicas e consegue bolsas para viajar à Turquia, a fim de participar de um projeto de tradução de um texto muito antigo - o que poderia lhe render alguns bons louros. Já Lorrie Ann engravida ainda adolescente e decide não abortar, casando com seu namorado e virando dona de casa. Com isso, as duas acabam se distanciando – física e emocionalmente.

Até então as coisas não parecem tão fora do controle. Mas então um erro médico faz com que a vida de Lor vire de cabeça para baixo: seu filho nasce com paralisia cerebral grave e seu útero se rompe, quase a matando. De dona de casa, ela é promovida a mãe de uma criança com grandes necessidades especiais. Enquanto isso, Mia tenta se reaproximar, mas não encontra brechas para tal.

Então, chega a guerra do Iraque e Lorrie fica viúva, tendo que ser dona de casa, mãe guerreira e garçonete em um restaurante para sustentar a si e ao filho. Depois, sua mãe sofre um acidente e ela precisa cuidar dela também. Enquanto isso, Mia está na Turquia, com um relacionamento cada vez mais sério e próxima de conseguir terminar a tradução do texto antigo, no qual vem trabalhando há anos.

Mesmo com toda essa distância entre ambas, elas tentam sempre manter contato e apoiar uma a outra, mas Mia nunca deixa de se questionar sobre as injustiças nas vidas delas, afinal, ela era a má e Lor era a boa, então por que era a outra que levava uma vida tão sofrida? Se Deus existia por que permitia tanta injustiça?

“Ocorreu-me então que talvez a Lorrie Ann nunca tenha sido boa, talvez eu a tenha compreendido errado. Talvez ela só tivesse medo demais de quebrar as regras.” (pág. 161)

O que deu para perceber foi que Mia colocava Lorrie Ann em um pedestal, como se ela fosse uma espécie de deusa, superior a todos os outros humanos, quando, na verdade, ela era apenas uma mulher tentando superar todas as adversidades que a vida lhe impôs - e falhando. Toda vez que a Deusa Lorrie Ann não age como Mia esperava, ela se frustra, o que mostra que, às vezes, nós que colocamos expectativas demais em determinadas pessoas, esquecendo-nos de que elas também erram, de que elas também são humanas. 

Será que a amizade das duas é forte o suficiente para superar inveja, frustrações, arrependimentos, vícios e, até, traições? O quanto é possível suportar por um amigo? 

O livro não é linear, parecendo um grande quebra-cabeça, em que as partes vão se encaixando, para, no final, talvez, fazerem algum sentido (mas só talvez). A narração alterna entre primeira e terceira pessoa, sempre na perspectiva da Mia, portanto, só sabemos da Lorrie Ann o que a amiga nos conta. A narrativa possui uma carga emocional tão alta que é difícil distinguir o certo do errado, as nossas emoções das de Mia, o que é real do que é fantasia.

Confesso passei grande parte da leitura tentando encontrar uma lógica por trás de toda a história, tentando decifrar se a autora queria passar uma mensagem com esse enredo, porém não cheguei a nenhuma conclusão, pois as possibilidades são várias. Contudo, parece-me que, acima de tudo, a intenção (se é que há alguma) é questionar sobre as consequências de nossas ações, as consequências do livre arbítrio humano. Afinal, se mal temos controle sobre nosso destino como esperamos querer controlar ou julgar o futuro dos outros?

Gabriele Sachinski

Resenha do livro: A 5ª Onda de Rick Yancey

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018


            Título original: The 5th Wave
         Editora Fundamento
         Romance/Ficção/Supernatural
         Número de páginas: 367


“Depois da primeira onda, só restou a escuridão. Depois da segunda onda, somente os que tiveram sorte sobreviveram. Depois da terceira onda, somente os que não tiveram sorte sobreviveram. Depois da quarta onda, só há uma regra: não confie em ninguém. Agora “A Quinta Onda” está começando... Cassie está sozinha, fugindo dos Outros. Ela vive em uma Terra devastada, onde qualquer pessoa, até mesmo uma criança, pode ser o inimigo. Um inimigo que parece humano, que espreita em todos os lugares, pronto para aniquilar os últimos sobreviventes. Permanecer sozinha é permanecer viva – Cassie acredita nisso até encontrar Evan Walker. Mas será que ela pode confiar nele? Será que ele pode ajudá-la a resgatar o irmão? Chegou o momento em que Cassie deve escolher entre a esperança ou o desespero, entre enfrentar os Outros ou se render ao seu destino, entre a vida ou a morte. Entre desistir ou lutar!”



A 5ª Onda é uma distopia e, como tal, sempre me deixa com um pé atrás. Normalmente, invasão alienígena é um tema que fica muito bom em um filme, mas nos livros fica uma coisa chata, maçante, repetitiva. Maaaaas como eu já havia assistido o filme e simplesmente adorado, entrei de cara nesse livro (comprando não só ele, mas a trilogia toda. Rsrs).

Cassie é uma típica adolescente americana, cuja maior preocupação é beijar o garoto dos sonhos: Ben Parish. Além, é claro, de se formar no ensino médio, ir ao baile de formatura e essa parafernália toda, típica das histórias americanas. Então, um dia, tudo muda.

As naves estranhas pousadas na atmosfera terrestre, já quase esquecidas, resolveram atacar. Mas nem pense em homenzinhos verdes, com vários olhos, melequentos, apontando armas avançadíssimas. Nada disso. O primeiro ataque foi um pulso eletromagnético que acabou com toda a energia do planeta. Sem luz elétrica, sem celulares, sem automóveis. Apenas escuridão. E caos.

A segunda onda foram desastres naturais. Terremotos, enchentes, furacões, tsunamis. Cidades completamente dizimadas e destruídas. A terceira onda, uma peste transmitida pelos pássaros. Milhares de pessoas mortas e outras centenas quase mortas-vivas. 

E então, a quarta onda: os Outros. Parece que os extraterrestres já haviam estado na terra há muitos anos, se infiltrando em humanos para formarem um exército quando chegasse a hora: os Silenciadores, que tinham como função atirar em qualquer humano sobrevivente.

Agora, Cassie estava em uma missão de sobrevivência. Sua mãe morreu com a peste, seu pai foi silenciado. Seu irmão, Sammy, de apenas 5 anos levado para uma base militar com a promessa de que ela jamais o abandonaria – e ela estava falhando com ele.



“O fraco foi varrido para longe. Essa é a falha no plano mestre de Vosch: se não matar todo nós de uma vez, não serão os fracos que vão sobreviver. É o forte que vai permanecer, os dobrados, porém intactos, como as barras de ferro que davam resistência a esse concreto. Enchentes, incêndios, terremotos, doenças, fome, traições, isolamento, assassinato. O que não nos mata nos fortalece. Endurece.” (pág. 358)



Lutando para encontrar seu irmão e sobreviver, Cassie encontra Evan Walker: aparentemente um filho (órfão) de fazendeiros e gato demais. Mas nosso galã parece ser muito mais do que deixa transparecer. Ao mesmo tempo em que se apaixonam, os dois travam grandes lutas internas sobre o que é o certo a se fazer em seguida. 

Simultaneamente à corrida de Cass, acompanhamos a vida na base militar, onde estão Sammy, o irmãozinho de Cassie, e – acreditem se quiserem – Bem Parish, que é, inclusive, comandante da unidade na qual o menininho foi alocado.

O enredo é regido por diversas perguntas: Até onde você iria por aqueles que ama? E se essas pessoas fossem as últimas sobreviventes de um ataque extraterrestre? E se você não soubesse se os entes queridos ainda são humanos? As páginas que se seguem a cada um desses questionamentos são cheias de descobertas, tomadas de decisões e as consequências que tudo isso traz para cada sobrevivente.

O livro é dividido em 13 partes, cada qual com uma representação da capa (em cinza), a qual é representada, em tamanho muito menor, acima de cada página do livro – conferindo ao volume um charme todo especial. Essas partes são subdivididas em capítulos curtinhos, impossíveis de largar (e fáceis de serem usados como desculpa para o ‘- só mais esse capítulo’ rsrs). Percebe-se que a Editora teve um cuidado para com a edição deste livro.

Vale muito a pena ler! Já estou ansiosa para começar o próximo volume. 

Até mais, gente bonita! :)

Gabriele Sachinski

Editora parceira: Editora Contexto

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
Olá, queridos!

É com imensa alegria que apresentamos a primeira parceria do ano de 2018. Eu fiquei muito feliz, porque a Editora tem vários títulos maravilhosos, principalmente na área de Língua Portuguesa - o que eu amo <3

Contexto, agradecemos a confiança! Temos a certeza de que teremos um ano produtivo pela frente :D

Sobre a Editora

A Editora Contexto tem uma história e muitas histórias. Desde 1987, a Contexto esteve sempre amparada na missão de diminuir a distância existente entre o saber produzido na Universidade e seus possíveis consumidores, estabelecidos em diferentes pontos da sociedade brasileira. Daí a preocupação, desde o início, de produzir livros de alta qualidade, sempre com uma escrita fluente, clara, agradável. A Editora surgiu de um sonho amadurecido pelo seu fundador, Jaime Pinsky, ao longo de sua vida como professor da UNESP, da USP e da Unicamp, tendo sido montada inicialmente em sua casa. Além de ajudar, sua família teve que pagar o ônus de um sonho: o depósito ficava na sala de jantar, a composição, na sala de visitas, a garagem foi transformada em recepção e secretaria, a revisão ficava numa salinha dos fundos e a direção, no escritório. 

Após a década de 1990, com a editora já consolidada, chegou o momento de ousar um pouco mais, produzir livros de referência, para a academia, e “livros de livraria”, além de reforçar nossas linhas habituais com traduções e títulos de maior envergadura e peso. Crescemos para as áreas de Economia, Turismo, Comunicação (especialmente Jornalismo) e Educação. Em Linguística, Geografia e História, nossos livros tornaram-se referência frequente de matérias jornalísticas, teses, pesquisas, concursos, vestibulares e até em pronunciamentos de juízes em tribunais. 

Nesses anos de Contexto, muitas coisas aconteceram em nosso país, entre as quais a redemocratização, a universalização da educação escolar, a aceleração do processo de urbanização, conquistas sociais de minorias e de mulheres, a afirmação do português brasileiro como forma autônoma da língua, várias crises econômicas e a emergência do Brasil como protagonista no concerto das nações. Sobre todos esses assuntos e muitos outros, a Editora Contexto publicou livros importantes. São várias centenas de livros editados, a maioria deles ainda em nosso catálogo, o que ilustra a cumplicidade entre nossas escolhas e o interesse do público. São muitas centenas de autores, dos mais destacados em cada área, e milhões de exemplares circulando em papel e para leitura digital. Nossa vocação declarada sempre foi a de promover a circulação do saber. Estamos cumprindo o prometido.

Para saber mais, acesse as redes sociais da Editora:

Gabriele Sachinski

Resenha do livro: Um Verão para Recomeçar de Morgan Matson

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018




           Título original: Second chance Summer
          Editora Novo Conceito
          Literatura Estrangeira/Ficção
          Número de páginas: 352


“A família de Taylor Edwards não é muito próxima – todos estão ocupados demais com seus afazeres -, mas, quase sempre, eles se dão muito bem. Quando o pai de Taylor recebe más notícias sobre a saúde dele, a família decide passar, todos juntos, o verão na casa do lago Phoenix. Fazia cinco anos que eles não passavam o verão naquele lugar, que agora parece bem menor do que antes. E, apesar da tristeza, os momentos em família os aproximam novamente. Além disso, Taylor descobre que as pessoas que ela pensou ter deixado para trás, continuam ali: sua ex-melhor amiga e seu primeiro amor (que está muito mais bonito do que antes). Com o passar do verão, e com os laços refeitos, Taylor e sua família tornam-se cada vez mais conscientes de que estão correndo contra o tempo diante da doença de seu pai. Mas, apesar de tudo, o aprendizado que fica é que sempre é possível ter uma segunda chance.”

“Um verão para recomeçar” conta a história de tantas famílias que, assim como a de Taylor Edwards, acaba se unindo por causa de uma tragédia. Quantas vezes nós mesmos não nos encontramos com nossos familiares somente em funerais? E então, somente nesse momento, percebemos o quanto perdemos em não nos aproximarmos daqueles que amamos?

O enredo gira em torno de Taylor e sua família, logo após receberem a notícia de que o pai, Robin Edwards, estava com câncer pancreático e provavelmente só lhe restaria o verão que se aproximava. Os Edwards ficam extremamente chocados e abalados com essa notícia, pois o pai não apresentava sinais de que estava morrendo – pelo menos não até aquele momento.

Como seu último desejo, o pai gostaria que a família toda viajasse para a casa deles no Lago Phoenix, a fim de passarem o verão juntos e retomarem uma antiga tradição que fora abandonada 5 anos antes – quando eles deixaram que outras atividades tomassem conta do tempo que eles passavam juntos.


“– Ele está com câncer – disse em voz alta pela primeira vez. Engoli em seco e me forcei a continuar, dizendo a palavra que eu nem ao menos conhecia até alguns meses atrás, e que agora odiava mais do que qualquer outra no mundo.” (pág. 202)


Claro que todos aceitam, embora ninguém mencione o que se passa na mente deles: o fim de cada dia desse verão significaria um dia a menos para seu pai. Para Taylor, essa viagem se mostra ainda pior, isso porque, há 5 anos, ela deixou assuntos mal resolvidos, chamados Lucy e Henry, no Lago Phoenix.

Já nas primeiras semanas do verão, as coisas parecem não poder piorar para Taylor, visto que Henry, seu ex-namorado, agora é seu vizinho e Lucy, sua ex-melhor amiga, é sua colega de trabalho. Para piorar, nossa protagonista é bem imatura, mesmo para uma garota de 17 anos, pois ela prefere fugir de seus problemas a ter que enfrentá-los. Porém, dessa vez, ela não pode fazer isso, pois, por mais que ela fuja, o câncer de seu pai permanecerá no mesmo lugar, levando-o aos poucos.

É bem interessante acompanhar o amadurecimento de Taylor com o decorrer dos fatos, pois ela consegue fazer da situação toda uma oportunidade de aprender com seus erros do passado e recomeçar.

Acredito que seja meio óbvio que a doença acaba por levar o pai dela, mas a forma com a qual a autora descreve a piora do quadro de Rob é bem realista e a dor de Taylor é palpável – me levando, várias vezes, às lágrimas.

O livro é muito bem escrito e envolvente, com narração em primeira pessoa, levando-nos a sentir o que a protagonista sente. O título está em relevo na capa, concedendo um charme especial ao volume. As folhas são amarelas e o livro é dividido em partes, cada uma delas com uma bela arte.

Eu mais do que recomendo a leitura desse livro, pois ele nos faz refletir sobre quantas vezes deixamos de aproveitar nosso tempo ao lado daqueles que amamos, e, principalmente, porque ele nos faz questionar sobre quantas vezes dissemos aos nossos pais o quanto os amamos, o quanto somos gratos por tudo o que eles fizeram por nós – afinal, a Taylor ainda teve um verão para se despedir de seu pai, mas quantos de nós sequer tivemos/teremos essa chance?

Gabriele Sachinski.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...