Título original: Bird Box
Editora Intrínseca
Literatura Norte Americana/Contos de horror
Número de páginas: 268
Sinopse: “Quatro anos depois de tudo ter começado, restauram poucos sobreviventes, incluindo Malorie e seus dois filhos pequenos. Morando numa casa abandonada próxima ao rio, ela sonha há tempos em fugir para um local onde sua família possa ficar em segurança. Mas a jornada que tem pela frente será assustadora: 32 quilômetros rio abaixo em um barco a remo, vendados, contando apenas com a inteligência de Malorie e os ouvidos treinados das crianças. Uma decisão errada e eles morrem. E ainda há alguma coisa os seguindo. Será que é um homem, um animal ou uma criatura desconhecida?”
Imagine que uma espécie de peste assola a humanidade. O mal é a insanidade e o efeito é a violência: a pessoa surta, ataca quem está próximo a ela e depois se mata, de maneira horripilante e inumana. A causa disso? Não se sabe ao certo, mas é algo que não se pode ver ou descrever, pois quem viu está morto. É exatamente esse o cenário descrito nesse livro.
Os jornais começam a noticiar alguns casos isolados, espalhados ao redor do mundo, de pessoas que enlouqueceram, assassinaram brutalmente vizinhos, amigos, conhecidos, familiares e depois cometeram suicídio. Todos esses episódios, ao que parecia, aconteciam depois de a pessoa ter visto “alguma coisa”.
Aos poucos, esses casos foram se tornando recorrentes e registrados em todas as regiões do planeta. As pessoas passaram a desconfiar que algo errado estava acontecendo, teorias sobre conspirações foram levantadas, especulações surgiram entre cientistas e entre leigos... Ninguém sabia explicar a causa daquela insanidade. Os mais precavidos começaram a colocar papelões, tábuas, cortinas escuras nas janelas. Não olhavam mais para fora. Não saiam mais de casa. Outros, céticos, diziam que aquilo não passava de uma farsa, uma tentativa de controlar a humanidade, ou então se viam indiferentes frente aos fatos noticiados. Malorie está mais para o grupo dos indiferentes, enquanto sua irmã, Shannon, integra o grupo dos precavidos. Aos poucos, esses grupos vão se desfazendo e outro surge: o dos sobreviventes.
Primeiro, Malorie descobre que está grávida. Depois, elas perdem o contato com os pais. O pânico e a tensão aumentam. As duas se fecham em casa e não olham mais para fora. Malorie teme pelo futuro de seu filho. Então, Shannon vê algo e enlouquece. Malorie se vê sozinha e desesperada. É nesse momento que ela se recorda de um anúncio que leu em um jornal em que era oferecido um abrigo para sobreviventes. Sem nenhuma perspectiva para si e para seu filho, ela pega o carro e dirige até a casa do anúncio.
Ao chegar lá, Malorie se depara com um pequeno grupo de sobreviventes, trancados e vendados. Nenhum deles olha para fora há bastante tempo. Tom, Jules, Don, Felix e Cheryl vivem sempre com medo de algo que nunca viram.
“O mundo está confinado àquela caixa de papelão que abriga os pássaros do lado de fora. Malorie entende que Tom está procurando uma maneira de abrir a tampa. Busca uma saída. Mas ela se pergunta se não há outra tampa acima daquela, e depois mais uma.” (pág. 193)
Malorie pensa o tempo todo em seu filho, no mundo em que ele nascerá. Como será para uma criança nunca poder olhar para fora? Não conhecer as cores? Ou pior, como impedir uma criança de ter curiosidade e olhar o que não deve ser olhado? A única opção seria cegá-lo, assim que nascesse. Não, ela jamais faria isso. Precisava encontrar outra saída.
Então, antes que pudesse pensar em uma solução, Malorie dá à luz. Mais do que nunca, ela está sozinha. Os outros morreram. Ou melhor, se mataram. Restaram apenas Melorie e duas crianças, um menino e uma menina. Ela precisa, desesperadamente, protegê-los e a casa já não é mais segura.
Durante quatro anos, ela planeja a fuga deles. Por todo esse tempo, ela treinou as crianças para o dia em que sairiam daquela casa e encontrariam um lugar seguro. E esse dia tinha finalmente chegado. Eles só precisavam seguir rio abaixo. Vendados. Podiam contar apenas com sua audição e intuição. Um descuido e eles estariam mortos. Como fugir de algo que você nunca viu?
O terror presente nesse livro é extremamente psicológico. Há algumas cenas brutais, mas o terror é criado por nossa imaginação e, portanto, individual, pois cada um imagina as criaturas de um jeito, com base em nossos medos mais inconscientes.
A história é narrada em terceira pessoa e alterna entre passado e presente. Mesmo sabendo o que vai acontecer, o suspense é sempre mantido e terminamos os capítulos sedentos por mais. As páginas são amarelas, a fonte é de um tamanho agradável aos olhos e a diagramação está muito bem feita, com desenhos de galhos de árvores no início de cada capítulo. O título casa muito bem com a história e a capa é bem misteriosa, assim como o livro todo.
Eu adorei a história, pois é uma leitura impossível de largar, que nos prende do começo ao fim. Com certeza, recomendo a leitura. Só faço uma ressalva: não espere respostas concretas para o mistério que vai encontrar, pois não há como explicar aquilo que não se pode ver. Ou será que você conseguirá? Quem sabe...
Gabriele Sachinski