Resenha do livro: Caixa de Pássaros de Josh Malerman

segunda-feira, 28 de novembro de 2016





           Título original: Bird Box
           Editora Intrínseca
           Literatura Norte Americana/Contos de horror 
           Número de páginas: 268


Sinopse: “Quatro anos depois de tudo ter começado, restauram poucos sobreviventes, incluindo Malorie e seus dois filhos pequenos. Morando numa casa abandonada próxima ao rio, ela sonha há tempos em fugir para um local onde sua família possa ficar em segurança. Mas a jornada que tem pela frente será assustadora: 32 quilômetros rio abaixo em um barco a remo, vendados, contando apenas com a inteligência de Malorie e os ouvidos treinados das crianças. Uma decisão errada e eles morrem. E ainda há alguma coisa os seguindo. Será que é um homem, um animal ou uma criatura desconhecida?”


Imagine que uma espécie de peste assola a humanidade. O mal é a insanidade e o efeito é a violência: a pessoa surta, ataca quem está próximo a ela e depois se mata, de maneira horripilante e inumana. A causa disso? Não se sabe ao certo, mas é algo que não se pode ver ou descrever, pois quem viu está morto. É exatamente esse o cenário descrito nesse livro. 

Os jornais começam a noticiar alguns casos isolados, espalhados ao redor do mundo, de pessoas que enlouqueceram, assassinaram brutalmente vizinhos, amigos, conhecidos, familiares e depois cometeram suicídio. Todos esses episódios, ao que parecia, aconteciam depois de a pessoa ter visto “alguma coisa”. 

Aos poucos, esses casos foram se tornando recorrentes e registrados em todas as regiões do planeta. As pessoas passaram a desconfiar que algo errado estava acontecendo, teorias sobre conspirações foram levantadas, especulações surgiram entre cientistas e entre leigos... Ninguém sabia explicar a causa daquela insanidade. Os mais precavidos começaram a colocar papelões, tábuas, cortinas escuras nas janelas. Não olhavam mais para fora. Não saiam mais de casa. Outros, céticos, diziam que aquilo não passava de uma farsa, uma tentativa de controlar a humanidade, ou então se viam indiferentes frente aos fatos noticiados. Malorie está mais para o grupo dos indiferentes, enquanto sua irmã, Shannon, integra o grupo dos precavidos. Aos poucos, esses grupos vão se desfazendo e outro surge: o dos sobreviventes.

Primeiro, Malorie descobre que está grávida. Depois, elas perdem o contato com os pais. O pânico e a tensão aumentam. As duas se fecham em casa e não olham mais para fora. Malorie teme pelo futuro de seu filho. Então, Shannon vê algo e enlouquece.  Malorie se vê sozinha e desesperada. É nesse momento que ela se recorda de um anúncio que leu em um jornal em que era oferecido um abrigo para sobreviventes. Sem nenhuma perspectiva para si e para seu filho, ela pega o carro e dirige até a casa do anúncio.

Ao chegar lá, Malorie se depara com um pequeno grupo de sobreviventes, trancados e vendados. Nenhum deles olha para fora há bastante tempo. Tom, Jules, Don, Felix e Cheryl vivem sempre com medo de algo que nunca viram. 

“O mundo está confinado àquela caixa de papelão que abriga os pássaros do lado de fora. Malorie entende que Tom está procurando uma maneira de abrir a tampa. Busca uma saída. Mas ela se pergunta se não há outra tampa acima daquela, e depois mais uma.” (pág. 193)

Malorie pensa o tempo todo em seu filho, no mundo em que ele nascerá. Como será para uma criança nunca poder olhar para fora? Não conhecer as cores? Ou pior, como impedir uma criança de ter curiosidade e olhar o que não deve ser olhado? A única opção seria cegá-lo, assim que nascesse. Não, ela jamais faria isso. Precisava encontrar outra saída.

Então, antes que pudesse pensar em uma solução, Malorie dá à luz. Mais do que nunca, ela está sozinha. Os outros morreram. Ou melhor, se mataram. Restaram apenas Melorie e duas crianças, um menino e uma menina. Ela precisa, desesperadamente, protegê-los e a casa já não é mais segura. 

Durante quatro anos, ela planeja a fuga deles. Por todo esse tempo, ela treinou as crianças para o dia em que sairiam daquela casa e encontrariam um lugar seguro. E esse dia tinha finalmente chegado. Eles só precisavam seguir rio abaixo. Vendados. Podiam contar apenas com sua audição e intuição. Um descuido e eles estariam mortos. Como fugir de algo que você nunca viu?

O terror presente nesse livro é extremamente psicológico. Há algumas cenas brutais, mas o terror é criado por nossa imaginação e, portanto, individual, pois cada um imagina as criaturas de um jeito, com base em nossos medos mais inconscientes.
A história é narrada em terceira pessoa e alterna entre passado e presente. Mesmo sabendo o que vai acontecer, o suspense é sempre mantido e terminamos os capítulos sedentos por mais. As páginas são amarelas, a fonte é de um tamanho agradável aos olhos e a diagramação está muito bem feita, com desenhos de galhos de árvores no início de cada capítulo. O título casa muito bem com a história e a capa é bem misteriosa, assim como o livro todo.

Eu adorei a história, pois é uma leitura impossível de largar, que nos prende do começo ao fim. Com certeza, recomendo a leitura. Só faço uma ressalva: não espere respostas concretas para o mistério que vai encontrar, pois não há como explicar aquilo que não se pode ver. Ou será que você conseguirá? Quem sabe...


Gabriele Sachinski

Resenha do Filme: Convergente

terça-feira, 15 de novembro de 2016



                 Gênero: Aventura/Ficção Científica
                 Duração: 120 minutos
                 Ano: 2016

Sinopse: Após as revelações que abalaram Chicago em Insurgente, Tris (Shailene Woodley) e Quatro (Theo James) querem sair da cidade e ver o que há além do muro. Pela primeira vez, eles irão deixar a cidade e a única família que já conheceram para trás, a fim de encontrarem uma solução lógica e pacífica para os conflitos na cidade. Uma vez fora, descobertas antigas serão rapidamente expostas e segredos chocantes vão ser revelados. Tris e Quatro agora devem decidir rapidamente em quem podem confiar numa batalha cruel, que infla e, que vai além dos muros de Chicago, e que pode abalar toda a humanidade. A fim de se salvar e a todos, Tris será forçada a fazer escolhas impossíveis de coragem, sacrifício, amor e lealdade. Ultrapasse os limites do seu mundo.



Nos últimos anos, Hollywood tem feito grandes investimentos em livros de distopia e não é segredo que essas franquias faturam milhões de dólares e fazem um sucesso imenso. Também não é segredo que o único propósito de dividir os últimos livros de séries em duas partes é a intenção de arrecadar ainda mais dinheiro com elas. Fizeram isso com Harry Potter, Jogos Vorazes, O Hobbit, entre outros, e é claro que não fariam diferente com a série Divergente. Isso nem sempre traz o sucesso esperado, e infelizmente, faz com que algumas sagas tenham um final desastroso ou que nem tenham final porque, às vezes, elas fracassam e são canceladas.

A Série Divergente vem trilhando um caminho cheio de obstáculos desde Insurgente, mas apesar das dificuldades, ela conseguiu fazer nesse penúltimo filme, algo que poucos conseguiram. Eles fizeram uma história com começo, meio e fim.

                       

O filme começa onde Insurgente terminou. As pessoas estão correndo para o portão depois de ouvirem a mensagem deixada por Edith Prior e todos querem sair em busca de respostas. Porém, a governante da cidade, Evelyn, mãe do Quatro, manda fechar o portão e proibir as pessoas de saírem de Chicago. Os primeiros trinta minutos servem apenas para recapitular o que aconteceu no filme anterior e é a continuação da guerra dentro de Chicago.

Diante dos julgamentos e execuções de Evelyn contra os traidores, Tris (Shailene Woodley), Quatro (Theo James), Caleb (Ansel Elgort), Peter (Miles Teller), Christina (Zoe Kravitz) e Tori (Maggie Q) saem de Chicago atrás de respostas além do muro e lá eles encontram uma nova sociedade.

O objetivo de Tris e Quatro é buscar ajuda e respostas para Chicago, mas ao chegarem lá, descobrem que quem precisa de ajuda não são eles e sim as pessoas que vivem além de Chicago. Eles também descobrem que a solução para os problemas desse novo mundo é Tris que é a cura para a sociedade. A partir daí, se forma uma rede de conspirações, onde todos que Tris conhece em Chicago corre perigo de vida. Tris precisa salvar as pessoas que ama e ainda luta contra um novo vilão.

                            


Convergente sofreu grandes mudanças em relação ao livro, mas apesar de tudo, teve seus momentos de glória. A trama conseguiu evoluir ao passar por mudanças de enredo e vilão. A ambientação do filme no geral é boa, seguindo o padrão dos filmes anteriores e conta apenas com umas mudanças no cenário, já que foram acrescentadas por conta da mudança no enredo.

Agora vemos muitos aparatos tecnológicos inovadores e um mundo completamente destruído, nada impressionante. O cenário pós-apocalíptico não tem nada que não já tenhamos visto um milhão de vezes em outros filmes do mesmo gênero, mas é tecnicamente aceitável levando em conta o curto orçamento para a produção. No geral, o filme seguiu um padrão “aceitável” e teve seus momentos bons e ruins.


O filme pecou em muitos momentos desde os efeitos especiais até a trilha sonora razoável. Eu que sou fã dos livros, mais uma vez assisti ao filme com a mente aberta. Na minha opinião, o filme teve muitas falhas por culpa do diretor, o alemão Robert Schwentke que não soube dirigir os atores. A falha principal está nos momentos dramáticos que eram de grande importância e está claro que faltou emoção, ainda que o elenco seja excelente. Os atores deixaram muito a desejar, seja por falha na direção ou no roteiro.

Por outro lado, o filme tem boas intenções. A trama tem vários plot twists, momentos “girl power” e cliffhanger que são os ganchos que nos impulsionam a ver o filme até o fim.



Yara Macedo

Resenha do livro: Quando o Amor Bater à Sua Porta de Samanta Holtz

segunda-feira, 7 de novembro de 2016




                  Editora Arqueiro
                  Literatura estrangeira/Romance
                  Número de páginas: 304


Sinopse: Malu Rocha é uma escritora de 29 anos independente, confiante e bem-sucedida. Mora sozinha em São José dos Pinhais, perto de Curitiba, onde mantém uma rotina regrada de pedalar todas as manhãs, escrever e, semanalmente, visitar o avô de 98 anos em uma casa de repouso. Porém sua vida toda controlada sai do eixo quando um homem bate à sua porta e se apresenta como Luiz Otávio Veronezzi, dizendo ter perdido uma reunião marcada com ela. Malu não se lembra do compromisso e sua primeira reação é dispensá-lo. Mas o belo desconhecido insiste, explicando que sofreu um acidente de carro, ficou em coma e perdeu a memória, assim como seus documentos. As únicas coisas que restaram foram um pouco de dinheiro e um papel com o nome e o endereço de Malu, o nome dele e a data da reunião. Luiz confessa que a escritora era sua última esperança para descobrir a própria identidade. O problema é que ela não tem a menor ideia de quem ele seja. Desconfiada, mas sentindo-se responsável pelo acontecido, Malu decide ajudá-lo e embarca em uma jornada para descobrir quem ele é – o que acaba trazendo à tona muitos fatos sobre si mesma, seus medos e segredos mais bem guardados, além de um passado que preferia esquecer. 


Nunca fiquei tão receosa em escrever uma resenha, pois não sei se serei capaz de expressar o quanto "Quando o Amor Bater à Sua Porta" é magnífico e apaixonante. Mas prometo tentar.

Malu Rocha é uma renomada escritora, para quem escrever nunca foi uma dificuldade. Isso até seu novo romance, para o qual estava com dificuldade em achar o encerramento perfeito. Um dia, enquanto trabalhava no final de sua história, um estranho (muito atraente, diga-se de passagem) bate à sua porta. O rapaz a procura porque sofreu um acidente e acabou perdendo tudo, inclusive a memória. A única informação que ele tem é o nome de Malu anotado em um pedaço de papel com o horário de uma reunião que não chegou a acontecer, pois o táxi que o trazia acabou caindo no rio. Para completar, o homem tem o mesmo nome de um dos personagens de seu novo livro, Luís Otávio.

Dividida entre o medo de tudo aquilo ser um golpe e o desespero e a sinceridade que vê nos olhos do rapaz, Malu oferece ajuda, mas tenta não se envolver muito nessa história. O problema é que os olhos e a voz de Luís Otávio não saem de sua cabeça. 

Para ajudar, o destino parece disposto a cruzar os caminhos dos dois. Quando dá por si, Malu está completamente envolvida na história de Luís Otávio e isso mudará a sua percepção sobre si mesma.

Ajudar Luís Otávio a descobrir quem é, faz com que Malu dirija essa pergunta a si mesma. Ela é uma mulher forte e independente, que já foi muito magoada na vida e que acredita que o amor existe apenas nas páginas dos romances que escreve. Ao mesmo tempo, é amorosa e dedicada para com seu avô. O que a deixa ainda mais comovida é que Luís Otávio parece ser o único capaz de enxergar essas duas mulheres nela. 

Mas quem é ele? E, afinal, quem é a verdadeira Malu Rocha? Ambos partem em busca dessas respostas, se ajudando mutuamente. E no meio dessa busca por suas identidades, talvez o que eles encontrem seja o amor e, com ele, as respostas que tanto buscam...

“Mas como pensar em no futuro que se desenhava no infinito se o presente de ambos parecia tão complexo? Onde residia a eternidade, onde começava o para sempre? Talvez o infinito não pertencesse ao futuro, e sim ao presente...” (pág. 191)

Será possível para duas pessoas construírem um futuro se uma delas não se lembra de seu passado e a outra faz de tudo para esquecê-lo? Até que ponto as descobertas de ambos serão capazes de mudar o sentimento que vem crescendo entre eles?

Eu me apaixonei por essa história desde o começo. A forma como Samanta Holtz descreve a personalidade de Malu – que, assim como tantas mulheres, foi profundamente magoada e, por isso, preferiu esconder-se atrás de uma fachada de mulher bem-sucedida a dar a chance de alguém feri-la novamente – me cativou. As cenas da escritora com o avô me arrancaram sorrisos e lágrimas e mostraram que, por mais que tentemos nos esconder, sempre seremos nós mesmos com quem amamos de verdade.

A aparição de Luís Otávio, com sua gentileza e capacidade de compreensão, vai, aos poucos, amolecendo a rocha que se tornou o coração de Malu. E como uma flor, que desabrocha aos poucos, Malu vai se tornando Maria Luísa, despida de todas as armaduras que havia tecido pra proteger seu frágil e doce coração. Quanto a Luís, eles descobrirão que a verdade estava mais perto do que imaginavam.

A história é cheia de reviravoltas e impossível de largar. Acho que isso se deve ao questionamento que é feito logo nas primeiras páginas. O que é o amor? Eu mesma não sabia (e talvez ainda não saiba) responder. Ler a maneira como cada um dos personagens desse livro magnífico encontrou a sua resposta para essa pergunta me fez ter esperanças nesse sentimento grandioso capaz de mudar a tudo e a todos.

A história é escrita em terceira pessoa e as páginas são amarelas. A diagramação está perfeita, assim como todo o livro. A leitura é muito envolvente, leve e fluída. Samanta Holtz escreve com maestria e nos permite enxergar a alma dos personagens, o que faz com que nos importemos verdadeiramente com eles.

O livro é excelente. Dei apenas cinco estrelas porque era o máximo, mas se tivesse dez, com certeza esse livro seria onze. Com certeza já é um dos meus favoritos – e não apenas nacional.

Recomendo! <3


                             Gabriele Sachinski


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