Resenha do livro: Sussurros do País das Maravilhas de A.G. Howard

quinta-feira, 27 de abril de 2017




           Título original: Untamed
           Editora Novo Conceito
           Literatura Estrangeira/Ficção/Fantasia
           Número de páginas: 271



Sinopse: “Alyssa Gardner entrou na toca do coelho para assumir o controle do seu destino. Ela sobreviveu à batalha pelo País das Maravilhas e por seu coração. No conto ‘O Menino da Teia’, Alison relembra o período em que viveu no País das Maravilhas e resgatou o homem que se tornaria seu marido e pai de sua filha, Alyssa. No ‘A Mariposa no Espelho’, conhecemos as lembranças de Morfeu, de quando ele mergulhou nas memórias de Jeb para descobrir os segredos dele e tentar ganhar, de uma vez por todas, o disputado coração de Alyssa. No ‘Seis Coisas Impossíveis’, Alyssa revive os momentos mais preciosos de sua vida após os acontecimentos em Qualquer Outro Lugar, e o papel mágico que desempenhou para preservar a felicidade daqueles que ela ama. Em ‘Sussurros do País das Maravilhas’ você encontrará três contos de lembranças inéditas e inesquecíveis. Junte-se novamente aos personagens da série O Lado mais Sombrio e embarque nesse fantástico mundo.”


          Atenção! Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores


Gente do céu! Preciso confessar a vocês que meu coração encontra-se partido pelo fim dessa série sensacional que eu amo de paixão. É claro que eu sei que não há nenhuma forma de prossegui-la, até mesmo porque o que me conquistou mesmo nessa série foi o Jeb, e como o encontraremos nesse livro com 80 anos, não tem sentido algum continuar sem ele, mas mesmo assim o coração dói um pouquinho.

Sussurros no País das Maravilhas traz algumas cenas que ficaram abertas a nossa imaginação em ‘O lado mais sombrio’ e ‘Qualquer outro lugar’, os livros 2 e 3, respectivamente, da série Splintered. Agora temos apenas três contos e em cada um deles nos apaixonamos ainda mais por essa releitura fantástica da história de ‘Alice no País das Maravilhas’ criada por essa rainha, a linda A. G. Howard (incrível como as iniciais da autora batem com as de Alyssa depois de casada com Jeb – Alyssa Gardner Holt).

No primeiro conto, O Menino da Teia, temos um vislumbre da vida dos casais (Al e Jeb, Alison e Thomas, Jen e Corb) depois do retorno de todos ao reino humano – portanto, essa história estaria logo após o fim do livro 3, ‘Qualquer outro lugar’. O foco desse conto é a vida de Alison e Thomas, os pais de Al, e alterna entre o presente e o passado. 

Enquanto espera para sair para jantar com Thomas, Alison relembra momentos de sua infância como órfã, seus primeiros contatos com Morfeu, como encontrou o caminho até a toca do coelho, como enfrentou os desafios pela coroa do País das Maravilhas e como desistiu dela pelo menino que salvou da Irmã Dois.  Antes de irem ao restaurante, Thomas leva sua esposa para uma visita ao trem das memórias, a fim de darem um passeio pela história dele, desde sua infância até o momento em que ela o salvou. É muito interessante a forma como Howard constrói os sentimentos de Alison, tão real que chegamos a sentir as mesmas coisas que ela: nostalgia, culpa, medo, amor e libertação. 

 O segundo conto, A mariposa no espelho, seria uma espécie de 2.5, pois a história se passa logo após o término do segundo livro, Atrás do Espelho, e antes do terceiro. Nesse conto, acompanhamos Morfeu até o trem das memórias para que ele observe as lembranças de Jeb – o que não passa de uma tática do Mariposão para descobrir meios de fazer Alyssa escolher a ele e não a Jeb. 

A intenção de Morfeu ao especular as memórias do ‘pseudoelfo’ não é nada nobre, porém ele acaba abalado no final. Depois de mergulhar na mente de Jeb, ele descobre que nosso cavalheiro possui um grande senso de honra e um amor maior ainda por Al, capaz até mesmo de dar sua vida por ela sem pensar duas vezes – o que o torna muito mais digno do amor de Alyssa do que a Mariposa manipuladora. 

“O romance não era uma coisa justa. Não era um jogo. Era guerra. E, como em qualquer outro campo de batalha, não lhe cabiam a compaixão e a misericórdia.” (pág. 121)

Começamos a leitura do conto ‘Seis Coisas Impossíveis’ com Alyssa morta. Ou quase. Aqui conhecemos o fim definitivo da série e temos alguns vislumbres de cenas que só existiam em nossa imaginação: as 24 horas que Al concedeu a Morfeu antes de sua volta definitiva ao reino humano, o casamento e a família maravilhosa que ela construiu com Jeb, os sonhos passados ao lado de Morfeu e a perda daqueles que Alyssa mais amou na vida. Tudo isso e um pouco mais até o momento em que ela decide acabar com sua existência humana e assumir seu lugar como rainha no mundo intraterreno.

Após a ‘morte’ de Al, a qual, por descuido, quase se tornou verdadeira, ela assume o trono no País das Maravilhas e o seu lugar ao lado de Morfeu – tá legal, aqui até eu meio que me apaixonei pela Mariposa, mas meu coração ainda é do Jeb <3. É claro que conheceremos mais sobre o filho deles, aquele mesmo de quem soubemos a futura existência no livro passado: o príncipe que seria capaz de sonhar e restaurar o reino. Mas, como a fruta não cai longe do pé, a criança nem nasceu e já se mostra filha de Morfeu – teimosa, egoísta e mágica. Vai dar o que ver para eles conseguirem convencê-lo a nascer...

Assim como nos demais volumes, a capa está sensacional e a diagramação perfeita. As páginas são amarelas e granuladas e as histórias são narradas em primeira pessoa, primeiro na perspectiva de Alison, depois na de Morfeu/Jeb e, por fim, na de Alyssa.

Como eu disse na resenha do livro passado, ainda não estou preparada para me despedir, pois nunca dizemos realmente adeus aos nossos livros preferidos. Então, até mais, meus lindinhos. Em breve os lerei novamente e passarei mais um tempinho ao lado desses personagens maravilhosos – em especial do moreno lindo dos olhos verdes ;) kkkkkkk 

P.S.: Preciso agradecer à Editora Novo Conceito por atender nossos pedidos e publicar esse livro maravilhoso, me permitindo mais uns momentos nesse universo fantástico e me rendendo mais uns suspiros dedicados ao lindo Jebediah Holt. Obrigada, NC! <3


Gabriele Sachinski


Resenha do livro: Nada Consta de Danilo “Japa” Nuha

quarta-feira, 12 de abril de 2017






           Editora Geração
           Literatura Brasileira/Ficção/Autobiografia
           Número de páginas: 168


Sinopse: “Este livro – romance, memórias, aventura mágica? – de Danilo “Japa” Nuha é um livro de ladrão, pulador de muros. É a história de um vendedor de livros e discos do Beco das Garrafas, em Copacabana, Rio de Janeiro, que começa a narrar sua vida a partir da infância, quando foi largado, ainda bebê, no boteco de um casal de japoneses em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul e a partir daí não para mais. De jornaleiro e balconista de botequim no Mato Grosso do Sul a operário de fábrica e aspirante a bandido no Japão aos 16 anos; contrabandista em Bali; jornalista em Tokyo aos 25 e, finalmente, de volta ao Brasil, onde vive encontros surpreendentes junto a grandes artistas, como Milton Nascimento, João Donato, Paulo Moura, Roberto Carlos, Emílio Santiago, Criolo, Racionais MC´s, Hermeto Pascoal, Banksy e Almir Sater, entre outros. Ficção? Realidade? Só lendo para entender.” 

“Nada Consta” é um daqueles livros que deveriam vir com a indicação “não tente fazer isso em casa”. Contando sua própria história, Danilo alterna entre suas escassas memórias sobre sua adoção por um casal de japoneses, sua escala como trabalhador no Japão, sua volta ao Brasil e o curso de jornalismo, o retorno ao país do sol nascente como repórter e a volta definitiva (e meio decadente) à terra natal. No meio desses relatos, Danilo conta diversas enrascadas nas quais se meteu e como conseguiu sair de cada uma delas.

Confesso que acabei relacionando a adoção de Danilo com a do personagem Norbit, do filme “Norbit: uma comédia de peso”. O fato de ele ter sido abandonado e adotado por um casal de japoneses me levou a conectar as duas histórias. Mas as semelhanças pararam por aí, rs.

Aos 16 anos, Danilo viaja para o Japão para trabalhar como operário nas empresas japonesas que estavam em ascensão. Além de trabalhar como operário, atua como contrabandista de mercadorias e traficante de drogas, juntamente com um primo seu. Cansado dessa vida, ele resolve retornar ao Brasil e correr atrás do seu sonho de ser jornalista. 

Depois de formado, Danilo retorna ao Japão, mas dessa vez para trabalhar como repórter em um jornal destinado aos imigrantes brasileiros. Após algumas matérias – dentre as quais ele entrevistou Milton Nascimento –, ele acaba sendo preso e demitido do jornal. Sem emprego, começa a fazer alguns bicos, principalmente como contrabandista.

“E se eu não tivesse ido até o final e, de língua, beijado a lona? O tempo ensina: beijar a lona com grandezas é coisa para poucos. Com derrocadas tão intensas, só perdem aqueles que nelas não se inspiram.” (pág. 165)

De volta à terra natal, Danilo trabalha como vendedor de CDs e conhece muitas estrelas da música brasileira – João Donato, Roberto Carlos, Criolo, Racionais, Almir Sater, entre outros. Além das celebridades, traficantes, contrabandistas, moradores de comunidades, prostitutas e garçons formam seu grande grupo de amigos, com os quais ele vive as mais diversas experiências.

A narração alterna entre presente e passado, entre Japão e Brasil, sem qualquer relação necessária entre um capítulo e o próximo (o que é bem plausível, já que se trata de um “livro de memórias”). As páginas são brancas e a diagramação é simples. Há uma seção de fotos, quase um álbum, bem no meio do livro, que comprovam diversas histórias malucas narradas por Danilo. 

Uma coisa que chama bastante a atenção no livro é a presença de palavras japonesas, as quais eu ficava tentando pronunciar e me sentia como o Whindersson Nunes no vídeo “Sou Fluente em Japonês” – o que, por si só, já me rendia boas risadas.

Danilo Japa Nuha é o exemplo do cara que faz tudo errado, mas que acaba dando certo. Mesmo passando por perrengues, ele nunca perdeu o bom humor (algumas vezes encontrado em atividades ilícitas) e sempre batalhou para melhorar sua situação, pois, nas palavras do próprio autor, “como não viemos ao mundo pela zona sul, com rosto de galã e família de novela das oito, tentamos superar isso com estilo, bom humor e imaginação” (pág.19).


Gabriele Sachinski

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...