Resenha do livro: Nada Consta de Danilo “Japa” Nuha

quarta-feira, 12 de abril de 2017






           Editora Geração
           Literatura Brasileira/Ficção/Autobiografia
           Número de páginas: 168


Sinopse: “Este livro – romance, memórias, aventura mágica? – de Danilo “Japa” Nuha é um livro de ladrão, pulador de muros. É a história de um vendedor de livros e discos do Beco das Garrafas, em Copacabana, Rio de Janeiro, que começa a narrar sua vida a partir da infância, quando foi largado, ainda bebê, no boteco de um casal de japoneses em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul e a partir daí não para mais. De jornaleiro e balconista de botequim no Mato Grosso do Sul a operário de fábrica e aspirante a bandido no Japão aos 16 anos; contrabandista em Bali; jornalista em Tokyo aos 25 e, finalmente, de volta ao Brasil, onde vive encontros surpreendentes junto a grandes artistas, como Milton Nascimento, João Donato, Paulo Moura, Roberto Carlos, Emílio Santiago, Criolo, Racionais MC´s, Hermeto Pascoal, Banksy e Almir Sater, entre outros. Ficção? Realidade? Só lendo para entender.” 

“Nada Consta” é um daqueles livros que deveriam vir com a indicação “não tente fazer isso em casa”. Contando sua própria história, Danilo alterna entre suas escassas memórias sobre sua adoção por um casal de japoneses, sua escala como trabalhador no Japão, sua volta ao Brasil e o curso de jornalismo, o retorno ao país do sol nascente como repórter e a volta definitiva (e meio decadente) à terra natal. No meio desses relatos, Danilo conta diversas enrascadas nas quais se meteu e como conseguiu sair de cada uma delas.

Confesso que acabei relacionando a adoção de Danilo com a do personagem Norbit, do filme “Norbit: uma comédia de peso”. O fato de ele ter sido abandonado e adotado por um casal de japoneses me levou a conectar as duas histórias. Mas as semelhanças pararam por aí, rs.

Aos 16 anos, Danilo viaja para o Japão para trabalhar como operário nas empresas japonesas que estavam em ascensão. Além de trabalhar como operário, atua como contrabandista de mercadorias e traficante de drogas, juntamente com um primo seu. Cansado dessa vida, ele resolve retornar ao Brasil e correr atrás do seu sonho de ser jornalista. 

Depois de formado, Danilo retorna ao Japão, mas dessa vez para trabalhar como repórter em um jornal destinado aos imigrantes brasileiros. Após algumas matérias – dentre as quais ele entrevistou Milton Nascimento –, ele acaba sendo preso e demitido do jornal. Sem emprego, começa a fazer alguns bicos, principalmente como contrabandista.

“E se eu não tivesse ido até o final e, de língua, beijado a lona? O tempo ensina: beijar a lona com grandezas é coisa para poucos. Com derrocadas tão intensas, só perdem aqueles que nelas não se inspiram.” (pág. 165)

De volta à terra natal, Danilo trabalha como vendedor de CDs e conhece muitas estrelas da música brasileira – João Donato, Roberto Carlos, Criolo, Racionais, Almir Sater, entre outros. Além das celebridades, traficantes, contrabandistas, moradores de comunidades, prostitutas e garçons formam seu grande grupo de amigos, com os quais ele vive as mais diversas experiências.

A narração alterna entre presente e passado, entre Japão e Brasil, sem qualquer relação necessária entre um capítulo e o próximo (o que é bem plausível, já que se trata de um “livro de memórias”). As páginas são brancas e a diagramação é simples. Há uma seção de fotos, quase um álbum, bem no meio do livro, que comprovam diversas histórias malucas narradas por Danilo. 

Uma coisa que chama bastante a atenção no livro é a presença de palavras japonesas, as quais eu ficava tentando pronunciar e me sentia como o Whindersson Nunes no vídeo “Sou Fluente em Japonês” – o que, por si só, já me rendia boas risadas.

Danilo Japa Nuha é o exemplo do cara que faz tudo errado, mas que acaba dando certo. Mesmo passando por perrengues, ele nunca perdeu o bom humor (algumas vezes encontrado em atividades ilícitas) e sempre batalhou para melhorar sua situação, pois, nas palavras do próprio autor, “como não viemos ao mundo pela zona sul, com rosto de galã e família de novela das oito, tentamos superar isso com estilo, bom humor e imaginação” (pág.19).


Gabriele Sachinski

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