Título original: The inquisitor: a novel
Editora Contexto
Literatura Estrangeira/Ficção/Romance histórico/Idade
Média
Número de páginas: 397
“Em 1318, padre Augustin, um novo inquisidor, chega a Lazet, na França, disposto a rever processos antigos do Santo Ofício. Pouco tempo depois é brutalmente assassinado e seu subalterno, padre Bernard, é encarregado da investigação. No entanto, ao tentar proteger quatro mulheres, ele próprio se torna suspeito por seus pares. Acusado de assassinato e perseguido como herege, Bernard terá que lutar por sua vida e a de suas protegidas. As violências praticadas em nome da religião, o intrincado jogo de interesses dos poderosos, o fanatismo, a caça às bruxas e as relações marcadas por luxúria, amor e traição fazem deste romance histórico uma narrativa arrebatadora e – por que não? – terrivelmente atual. ”
Sempre
que ouço falar em romance de época já imagino mocinhas com personalidades
fortes e cavalheiros um tanto quanto libertinos se desentendendo até, enfim, se
acertarem e assumirem um compromisso amoroso. Porém, O Inquisidor é um romance
de época com uma pegada beeem diferente, mas tão boa quanto a que acabei de
citar – se não mais, por apresentar muito suspense e, de quebra, nos ensinar
sobre um dos maiores episódios da Idade Média: a Inquisição.
A
história se passa no ano de 1318, na Europa. Mais especificamente, em Lazet, na
França. Em uma época em que a Igreja Católica era respeitada e temida, qualquer
ação mal pensada ou uma palavra mal dita poderia trazer sérias consequências.
Até para os padres.
Padre
Augustin foi designado para ser o Inquisidor na cidade de Lazet. Metódico e
questionador, o padre chega revirando tudo e isso incomoda seu subalterno,
Padre Bernard Peyre, que também era o aprendiz do inquisidor anterior.
Como
padre Augustin acabou colocando o dedo na ferida de gente muito poderosa, acabou
sendo brutalmente assassinado enquanto fazia uma visita a “familiares” na
cidade vizinha, Casseras. Chocado e intrigado com o ocorrido, Padre Bernard
resolve investigar a morte de seu colega de toga.
A
fim de começar sua investigação, vai até Casseras e tenta encontrar os “familiares”
a quem o padre visitara. Imaginem qual não foi a sua surpresa ao descobrir que
não se tratava de familiares, mas sim de quatro mulheres que eram protegidas
por Padre Augustin: Johanna, Babilônia (que tinha problemas mentais), Alcaya e
Vitalia.
“A busca pela verdade é tão longa e dolorosa quanto aquela por um homem em pais estrangeiro. O país precisa ser explorado, com muitos caminhos trilhados e muitas perguntas feitas, antes de conseguir encontrá-lo.” (pág. 11)
Envolvido
pela história de vida dessas mulheres, Padre Bernard se vê assumindo a tarefa antes exercida por Augustin: protegê-las. Mas essa sua missão fica ainda mais
difícil com a chegada de seu novo superior, o padre Pierre-Julien, o qual era
adepto de rituais de magia negra e muito arrogante.
Quanto
mais Bernard tenta proteger Alcaya, Vitalia, Johanna e Babilônia (principalmente essas duas
últimas), mais ele se coloca na posição de principal suspeito da morte de Padre
Augustin. Se hoje em dia já é difícil provar que nariz de porco não é tomada,
imagine em plena Inquisição, na Idade Média, quando qualquer palavra podia te
mandar para a forca – ou pior, para a fogueira. É com isso em mente que Padre
Bernard precisa usar toda sua inteligência para conseguir salvar a si e a suas
protegidas.
A
narração é feita em primeira pessoa, na voz de Padre Bernard. É ele que nos
relata todos os acontecimentos por meio de uma carta (gigante) que ele dirige a
um superior – e de certa maneira, a nós, leitores. É impossível não se envolver
com a sinceridade do padre, seu tom espirituoso e suas tiradas bem humoradas.
As
páginas são amarelas e o tamanho da fonte é bem agradável aos olhos. Embora
pareça um livro longo, a leitura flui muito bem, pois o leitor se vê preso ao
emaranhado de acontecimentos, querendo ler a página seguinte para descobrir
como será o desfecho de tantas histórias entrelaçadas.
Eu
mais do que recomendo esse livro, pois além de ser uma magnífica aula de
história, o livro permite diversas abordagens e todas elas nos fazem refletir
acerca de pontos com a concepção da figura da mulher na Idade Média (a gente não podia nem ter personalidade que já chamavam a gente de bruxa e queriam nos tacar no fogo –
eu, heim rsrs), as relações entre as classes dominantes e a Igreja, a adoração
ao dinheiro – principalmente por parte dos integrantes do clero –, o fanatismo
e a intolerância religiosa.
É um
bom enredo, cheio de tramas ardilosas e muito suspense que você quer? Então,
está esperando o que? Vem!! :)
Gabriele Sachinski