Resenha do livro: Uma Chance para Recomeçar de Diana Scarpine

terça-feira, 28 de março de 2017




               Editora Pandorga
               Literatura Nacional/Romance
               Número de páginas: 427

Sinopse: “Carina é uma workaholic rica e bem-sucedida cuja vida se resume ao trabalho. Afogada em estresse, ela não se importa com a solidão que habita seu coração, pois o amor nunca foi uma das suas prioridades, até que algo inusitado acontece. Repentinamente, ela se vê privada do trabalho e deseja aplacar a solidão que a consome, principalmente quando conhece Aurélio, que a trata de uma forma diferente da qual ela está acostumada. Consumido pela tragédia que vitimou sua família e deixou-lhe sequelas físicas e emocionais, Aurélio não quer nada além de se afundar cada vez mais na dor e na culpa que sente. Suas certezas começam a ficar abaladas à medida que Carina se aproxima cada vez mais dele. Quantos obstáculos precisam ser vencidos para recomeçar? O amor é capaz de vencer as amarras do passado e o preconceito?”

Ler esse livro representou um desafio para mim, pois confesso que o tema levanta certas crenças minhas que criam logo de cara barreiras para que eu goste do livro. Contudo, depois que consegui deixar isso de lado, a história começou a fluir e consegui me envolver com os personagens.

Carina é o tipo de pessoa que tenta preencher seu vazio emocional com trabalho e mais trabalho. Aos 32 anos e gerente da rede de supermercados de sua família, ela precisa constantemente provar a seu pai (e a si mesma) que é tão boa quanto o filho homem que ele tanto desejou, mas que não chegou a ter. 

O ritmo acelerado de sua vida profissional faz com que Carina não tenha tempo para se cuidar. O estresse é tanto que ela chega a ter uma paralisia facial. Ao buscar ajuda médica, Carina se vê obrigada a se afastar um pouco de seu trabalho e começa a cuidar de si mesma, ao menos uma vez na vida. Como parte de seu tratamento, o médico pede para que ela faça sessões de fisioterapia e ela escolhe fazê-las em uma clínica perto de sua casa. 

Um dia, na sala de espera da clínica, Carina conversa com uma senhora que lhe recomenda a massoterapia como uma forma de relaxar do estresse do dia a dia. Carina resolve experimentar e marca as sessões para logo após a fisioterapia. Como Aurélio é o que tem mais horários disponíveis, ela acaba marcando suas sessões com ele.

Aurélio é um homem de 37 anos, que sofreu um grave acidente há 10 anos, no qual perdeu sua esposa e filha, sua visão e toda a sua vontade de viver. Depois de superar alguns traumas, Aurélio volta a trabalhar na clínica, porém percebe que muitos pacientes se recusam a ser atendidos por ele – com 50% do corpo queimado, e atormentado pela culpa, ele acredita ser um monstro e não recrimina as pessoas por desejarem se manter afastadas.

Carina, sem qualquer autoestima, sente vergonha por sua paralisia e permanece a sessão toda de massoterapia de cabeça baixa, não percebendo que Aurélio é cego. Devido a isso, ela dá algumas bolas foras e fica se sentindo culpada quando descobre suas gafes.

Determinada a se desculpar, ela vai à próxima massagem e tenta se aproximar de Aurélio, a fim de se explicar. Ele não baixa a guarda, pois não acredita que ela queira realmente ser sua amiga e deve estar achando uma forma de humilhá-lo ainda mais. Mas Carina não faria isso. Extremamente gentil e educada, ela vai aos poucos conseguindo se aproximar de Aurélio. Essa aproximação, porém, fará com que ela se sinta cada vez mais atraída por ele.

Aurélio acaba cedendo e se permitindo encontrar em Carina uma amiga. Porém, os sentimentos que ela diz sentir por ele fazem com que ele se afaste, pois ainda ama sua falecida esposa e jamais haveria espaço para outra mulher em sua vida. Nesse momento, Aurélio é bem ríspido com Carina na tentativa de afastá-la e eu fiquei dividida entre apoiar o seu pensamento e repreender suas atitudes.

O tempo vai passando (e com ele mais problemas surgem) e os dois acabam se encontrando e reaproximando novamente, pois ambos careciam de um amigo. Aos poucos, Aurélio vai assumindo para si que ama Carina, mas acredita que nunca poderá declarar seu amor, pois ele se recrimina por sua aparência e acha ser indigno de ser amado novamente.


“Há várias formas de enxergar a beleza, e nem sempre o que é belo para uma pessoa é belo para outra. Além disso, acredito que beleza e feiura são duas faces da mesma moeda: há sempre beleza na feiura, e feiura na beleza.” (pág. 88)

Eles ficam um boooooom tempo nesse chove-não-molha, o que chega quase a ser cansativo, mas acaba dando um ar de realidade para a história (afinal, quem nunca ficou indeciso em relação aos sentimentos de outra pessoa?). Para poderem, enfim, ficar juntos, Carina e Aurélio precisarão superar imensos desafios e preconceitos, principalmente os que eles têm contra si mesmos e que ameaçarão acabar com essa história de amor. 

Em um primeiro momento, pode parecer que a história é bem fraquinha, bem água com açúcar. Contudo, a autora trabalha temas muito importantes na obra: traumas, desilusões, dificuldades, (auto) preconceitos, acessibilidade, autoestima, machismo, relacionamento familiar, perdão... Todos esses temas permeiam o enredo e são tratados com tamanha delicadeza e veracidade que parece que a autora está descrevendo situações do nosso dia a dia.

Acredito eu que o que mais faz com que nos envolvamos com os personagens, a ponto de nos fazer rir, chorar, sofrer e torcer por eles, é o fato de que Carina e Aurélio são como eu e você, pessoas normais, cheias de defeitos e inseguranças e que mal sabem o rumo que dar à própria vida.  Eles não são o casal de mocinhos tradicionais dos romances, capazes de encontrar as soluções perfeitas para seus problemas. Pelo contrário, eles agem de cabeça quente e depois precisam lidar com as consequências (nem sempre agradáveis) de suas escolhas – é, eu entendo vocês rsrsrs.

A história é narrada em primeira pessoa, sempre alternando o foco narrativo entre Carina e Aurélio, o que nos permite uma visão mais apurada de todos os dilemas pelos quais o casal passa. As folhas são amarelas, os capítulos curtos e rápidos. A diagramação é em delicada, com flores no início de cada capítulo (<3). A capa é bem fofa, com os passarinhos se libertando da gaiola – o que casa muito bem com a história.

Esse é um daqueles livros que só resta dizer: vem ler e se emocionar você também! :)



Gabriele Sachinski



2 comentários:

  1. Muito obrigada pela linda resenha, Gabriele!

    Abraço,
    Diana Scarpine.

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    Respostas
    1. Não há do que agradecer! Só falei verdades :)

      Beijos,
      Gabi

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