Resenha do livro: Como agarrar uma herdeira de Julia Quinn

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018


          Título original: To catch an heiress
           Editora Arqueiro
           Ficção Histórica/Literatura Americana
           Número de páginas: 292

Sinopse: “Quando Caroline Trent é sequestrada por engano por Blake Ravenscroft, não faz o menor esforço para se libertar das garras do agente perigosamente sedutor. Afinal, está mesmo querendo escapar do casamento forçado com um homem que só se interessa pela fortuna que ela herdou. Blake a confundiu com a famosa espiã espanhola Carlotta De Leon, e Caroline não vai se preocupar em esclarecer nada até completar 21 anos, dali a seis semanas, quando passará a controlar a própria herança milionária. Enquanto isso, é muito mais conveniente ficar escondida ao lado desse sequestrador misterioso. A missão de Blake era levar “Carlotta” à justiça, e não se apaixonar por ela. Depois de anos de intriga e espionagem a serviço da Coroa, o coração dele ficou frio e insensível, mas essa prisioneira se prova uma verdadeira tentação que o desarma completamente.”


Já falei várias vezes aqui que sou apaixonada por romances de época, em especial os da Julia Quinn, que é, sem dúvidas, a minha autora de romances de época favorita. Desde os Bridgertons, eu leio tudo o que essa mulher escreve – até a lista do supermercado dela, se isso caísse nas minhas mãos hahaha.


Ao ouvir romance de época e Julia Quinn, já imaginei belas casas de campo, salões de bailes e Londres. Além é claro, de mocinhos apaixonantes e protagonistas fortes e decididas. Mas fui surpreendida – não pela falta dos dois últimos itens, porque estes têm de sobra, mas pela ausência dos primeiros.


Caroline Trent é uma jovem órfã, herdeira de um rico comerciante, mas que não pode tomar posse de sua fortuna porque ainda não tem idade para isso. Sendo assim, a jovem é obrigada a viver com tutores, os quais se mostraram um pior que o outro. Eu só não decidi se ela é sortuda ou azarada, porque logo que ela vai morar com um tutor, este fica doente e morre (sorte dela ou azar deles?).


Só que dessa vez, o nível de seus responsáveis decaiu drasticamente e a jovem foi morar com Oliver Prewitt (e nem parente eles são) – um sovina que a tratava mal e que tinha planos (bem macabros e desonestos, inclusive) de casá-la com seu filho, Percy, a fim de ficar com toda a fortuna de Caroline. Como seu aniversário de 21 anos seria dali a poucas semanas, e temendo ser violentada, a jovem resolve armar um plano e fugir de casa.


É nessa fuga que ela é capturada por Blake Ravenscroft, um agente secreto da Coroa que a confundiu com uma perigosa espiã espanhola chamada Carlotta de Leon. Entre fingir ser quem não era e ficar segura com um agente britânico ou contar que não era quem ele estava pensando e ser obrigada a voltar a morar com Oliver, o que vocês acham que ela escolheu? Isso mesmo, a opção que renderia mais confusão, claro!


Depois de algumas cenas engraçadas e diálogos maravilhosos e irônicos entre Blake e Caroline é que ele descobre que a jovem não é, nem de longe a espiã que ele pensava que fosse. Porém, tocado pela história dela e vendo nessa situação uma oportunidade de investigar Oliver Prewit, que era suspeito de alta traição, Blake permite que Caroline fique escondida em sua casa até que complete seus 21 anos e possa assumir as rédeas de sua própria vida.


A convivência forçada entre os dois e os embates de personalidades rendem ótimas cenas: divertidas, sarcásticas, com muita confusão e, sobretudo, quentes. É claro que isso tudo levará ao sentimento mais belo (e supervalorizado) de todos os tempos: o amor.



“Paciência, disse Caroline a si mesma. Lembre-se: paciência. Mas, quando se guardava no peito um coração partido, era muito mais fácil falar do que fazer.” (pág. 259)

Mas, como sempre, nem tudo são flores. Isso porque ao passo que Caroline é decidida e independente, daquelas que não deixam obstáculo nenhum vencerem-na, Blake é super protetor e arredio, preferindo fugir de seus sentimentos – já que da última vez que se entregou ao amor, tudo acabou de forma brutal.  Enquanto Caroline sente-se segura de seus desejos e de seus sentimentos, Blake luta com todas as suas forças para manter-se afastado da jovem e de todas as sensações que a simples presença dela traz.

Mas até que ponto é possível fugir do amor? Só porque alguém não admite esse sentimento, ele não o sente? Até que ponto o passado é capaz de interferir no presente de alguém? Até onde você iria por alguém que te fez sentir-se como há tempos não se sentia? E o que você faria se sua amada fosse casar com seu melhor amigo só por que você não é capaz de assumir seus sentimentos?

Essas perguntas que são respondidas pelo livro em meio a muita ironia, trapalhadas, espionagem, invasões, tiros e lágrimas.

A história é narrada em terceira pessoa e as páginas são amareladas. A capa está uma graça e a diagramação é simples, mas o livro todo traz um detalhe que me cativou: a cada novo capítulo temos a apresentação de uma palavra tal como um verbete de dicionário: sua grafia, significado e aplicação em um contexto. Essas palavras têm sentido no enredo, porque, além de fazerem parte de uma espécie de diário da protagonista, ainda exprimem o sentimento/ação que predomina todo o capítulo. Recomendo!!

Lembrando que “Como agarrar uma herdeira” é o primeiro volume da série “Agentes da Coroa” (livros independentes), já tendo o segundo volume. Como se casar com um marquês, sido lançado. Ansiosa para ler esse também :) 

Gabriele Sachinski

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