Resenha do livro: A Garota que tinha Medo de Breno Melo

sábado, 28 de maio de 2016




                 Editora Chiado
                 Literatura nacional/Drama
                 Número de páginas: 277



Sinopse: Marina é uma jovem que faz tratamento para a síndrome do pânico. Às voltas com o ingresso na universidade, um novo romance e novas experiências, Marina tem seu primeiro ataque de pânico. Sua vida vira de cabeça para baixo no momento mais inapropriado possível e então psiquiatras e psicólogos entram em cena. Acompanhamos suas idas ao psiquiatra e ao psicólogo, o tratamento farmacológico e a psicoterapia. Ao mesmo tempo, conhecemos detalhes de sua vida amorosa e sexual, universitária e profissional, social e familiar na medida em que elas são marcadas pela síndrome. Um tema atual. Uma excelente obra tanto para conhecimento do quadro clínico como entretenimento, narrada com maestria e de uma sensibilidade notável.


Em seu livro, Breno Melo nos transporta ao Paraguai. Lá, ele vai contar a história de Marina, uma garota normal que, aos 18 anos, só queria passar no vestibular e arrumar um novo namorado. Mas sua mãe não achava que ser ‘normal’ fosse suficiente para sua filha. Não, ela queria mais. E por isso estava todo o tempo pressionando Marina: estude mais, se inscreva nesse vestibular, não se envolva com alguém agora, estude mais, se inscreva em mais esse vestibular, vá à igreja, estude mais, não vá ao shopping, estude mais.

Marina não sabia dizer ‘não’ para sua mãe e passava a se cobrar cada vez mais, ficando praticamente sem tempo para si e sem liberdade para fazer o que deseja – como sair com Júlio, sua nova paquera. Quando consegue passar no vestibular de jornalismo, Marina pensa que terá mais liberdade e que sua vida vai começar a melhorar. É quando acontece a primeira crise.

Acreditando que seu ataque foi apenas estresse, ela o ignora e segue sua vida como se nada tivesse acontecido. Frequentando a universidade, faz algumas amizades e é apresentada à cocaína, o que não lhe traz boas experiências e faz com que tenha que conversar com o reitor da universidade. Pelo menos seu namoro com Júlio vai bem. Ou ia, até ela ter outra crise e ele, sem saber o que fazer, dar um tapa na cara dela.

Depois desse episódio lamentável, o namoro vai de mal a pior. Além disso, as crises passam a ser mais frequentes, até que acontece uma durante uma avaliação na universidade e Marina é rotulada, por seus colegas de classe, como estranha e louca. Quando vai procurar ajuda, ela ouve pela primeira vez as palavras que mudariam completamente a sua vida: Síndrome do Pânico. Depois disso, ela é encaminhada a um psiquiatra e faz uma bateria de exames. Até ter o resultado em mãos e iniciar o tratamento, ela se isola ainda mais, com medo de sair de casa, sofrer outro ataque e ser novamente tachada como louca.

“Me tornei a protagonista de uma história que eu não queria interpretar, passei a ser o centro das atenções e a me sentir humilhada. Nunca mai fui a mesma depois do primeiro ataque, temendo as pessoas e os lugares” (pág. 133)

Marina não quer ser panicosa, mas não há nada a ser feito quanto a isso. Aos poucos ela se conforma e então passamos a acompanhar Marina às consultas com o psiquiatra e às sessões psicoterapêuticas. Aos pouquinhos, ela vai descobrindo a causa.

Será que Marina conseguirá se curar e seguir adiante com sua vida? Ou seus medos serão mais fortes que ela? O quão normal a vida pode ser para uma panicosa (ou ex panicosa)? Você teria coragem suficiente para enfrentar seus traumas ou preferiria esconder-se atrás de remédios ou de um cobertor?

As folhas são amarelas e a diagramação das páginas é simples. O olhar amedrontado da garota retratada na capa casa muito bem com a narrativa e nos deixa, logo de cara, compadecidos com seu sofrimento. A história é narrada em primeira pessoa e tem um ritmo tranquilo, dando a impressão de que a própria Marina está sentada ao nosso lado, nos contando sobre sua vida. O livro é divido em partes e, em cada uma delas, o autor conta um pedacinho da vida de uma jovem como tantas outras, como eu ou você. E é justamente nesse ponto que eu queria chegar.

Transtornos mentais podem acometer qualquer pessoa, sem necessidade de que uma grande tragédia aconteça na sua vida. Quantas vezes ignoramos ou desdenhamos (ou vemos alguém fazer isso) de uma pessoa que esteja passando por isso, dizendo não passar de ‘frescura’?  Ler esse livro me fez pensar em questões como essa e, com isso, observar mais as pessoas, sem julgá-las ou tachá-las de loucas, pois elas não precisam ser julgadas, mas sim apoiadas.

Termino essa resenha com essas reflexões. Espero, sinceramente, que você leia esse livro com o coração aberto e que também se atenha a esses detalhes. Esteja preparado para se emocionar e vibrar com a força e a coragem que essa personagem tem.


Gabriele Sachinski



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