Resenha do livro: Minta que me ama de Maria Duffy

quarta-feira, 31 de maio de 2017




               Título original: Any Dream Will Do
           Editora Novo Conceito
           Literatura Estrangeira/Ficção Irlandesa
           Número de páginas: 380

Sinopse: “O inverno é a estação mais aconchegante do ano, mas Jenny Breslin não se sente nada confortável. Tudo na sua vida a total ausência de romance, o emprego chatíssimo no banco foi tocado pela mágica das festas de fim de ano. A simples ideia de passar por mais um Natal com a sua mãe extravagante e Harry, o novo namorado dela, a enche de pavor. Mas isso é na vida real... No Twitter, as coisas não poderiam estar mais interessantes. Nele, Jenny tem uma carreira em ascensão, uma vida amorosa sensacional e uma agenda superconcorrida. Então, em uma noite de bebedeira, Jenny está tuitando com suas amigas Zahra, Fiona e Kerry. E de repente ela as convida para passar alguns dias em sua casa em Dublin. À medida que a sua vida virtual entra em rota de colisão com a sua verdadeira rotina, Jenny não sabe para onde correr. Tudo parece contribuir para mostrar que a existência das suas companheiras de Twitter é um milhão de vezes mais interessante do que a sua. O fim de semana chega, e segredos são compartilhados. Jenny começa a perceber que, enquanto ela sonhava, as coisas acontecem bem depressa. Será que é muito tarde para que ela volte a assumir o controle da sua própria e verdadeira vida?”

Jenny Breslin está com quase 30 anos, tem um trabalho do qual não gosta e uma vida amorosa quase inexistente. Some a isso o fato de ter apenas duas amigas e um relacionamento complicado com sua mãe. Qual o resultado? Uma vida totalmente sem graça e sem sentido. Pelo menos, essa é a opinião de Jenny sobre si mesma.

Com muito tempo livre, Jenny acaba se viciando no Twitter, justamente porque ele lhe oferece a chance de ser uma pessoa totalmente diferente. Nessa rede social, Jenny pode ter um emprego sensacional, encontros incríveis e românticos e uma agenda cheia de coisas interessantes para fazer. E o melhor: ninguém teria como saber que a sua vida real não era bem assim...
Ou não teriam, caso Jenny não tivesse convidado suas amigas tuíteiras para ficarem um final de semana em sua casa. Agora Zahra, uma maquiadora das celebridades, Fiona, uma mãe e esposa exemplar, e Kerry, uma enfermeira dedicada, chegarão em pouco tempo e descobrirão o quanto a vida de Jenny é chata e sem graça.

Conforme a data da visita das meninas vai chegando, Jenny vai ficando cada vez mais desesperada. Além disso, parece que sua mãe resolveu arrumar um namorado que, por mero acaso do destino, Jenny já tinha dado um bom amasso. Para piorar um pouco mais, seu relacionamento com Tom parece não ir para frente e uma das melhores amiga de Jenny, Paula, acabou de terminar o namoro e vive chorando pelos cantos. Tudo isso faz com que Jen se arrependa amargamente das três taças de vinho que tomou antes de convidar suas amigas para um final de semana divertido em Dublin.

Quando o dia finalmente chega, Jenny já está mais tranquila e confiante, mas as coisas começam a sair de seu controle rapidamente. Isso porque Zahra não se parece em nada com a famosa maquiadora confiante que Jenny imaginou, Fiona trouxe o filho de quatro anos junto e Kerry disse que não poderia vir, pois acabou tendo que trabalhar naquele fim de semana.

“O Twitter era ótimo enquanto estava restrito à Twitterlândia, mas, desde que ele saiu do meu computador e veio me visitar na vida real, as coisas se tornaram mais complicadas que eu imaginava.” (pág. 331)

Junto com essas surpresas, vieram outras. Parece que Jenny não foi a única que andou mentindo sobre si mesma no Twitter. Aliás, comparado com os segredos das outras meninas, as mentirinhas de Jenny são inofensivas e sem importância. Rapidamente, um final de semana que deveria ser tranquilo e divertido acaba se tornando um pesadelo e Jenny não vê a hora de tudo isso acabar. Confesso que enquanto ela sofria, eu dava muita risada de suas trapalhadas (e sentia um pouquinho de vergonha alheia também rs).

Devido ao título do livro, imaginei que a história teria o foco sobre algum romance, mas isso não aconteceu. Na verdade, durante todo o enredo, acompanhamos Jenny resolvendo seus problemas e se redescobrindo. Ao ser apanhada no meio das mentiras das outras tuíteiras, Jenny percebe que sua vida não é tão ruim quanto ela imaginava e que outras pessoas adorariam ser ela. Além disso, ela consegue se aproximar da mãe e, de quebra, recupera um pouco de sua autoestima. Acompanhar esse crescimento da personagem (e rir de suas trapalhadas) foi, para mim, o ponto principal do livro.

Outro ponto forte no livro é a reflexão que ele permite. Por que as pessoas mentem em redes sociais? Por que tentam fingir ser outra pessoa para agradar os outros? Por que acham que ser elas mesmas, com todos os seus defeitos e falhas, fará com que o outro goste menos de quem realmente se é? Talvez, porque sempre esqueçamos que a mentira tem perna curta e que, mais cedo, ou mais tarde, seremos apanhados pela roda viva que nós mesmos inventamos...

A história é narrada em primeira pessoa, na voz de Jenny, o que nos permite acompanhar em primeira mão os dilemas hilariantes da protagonista. As folhas são amarelas e a diagramação é simples. Em alguns capítulos, temos trechos de sonhos/pesadelos de Jenny, o que, para mim, ficou meio perdido na história, já que não acrescentam em nada na narrativa. Outra coisa que, na minha opinião, ainda não fez sentido foi o título do livro, pois até agora não consegui estabelecer relação alguma entre o título e a história.

Apesar desses pequenos detalhes, gostei bastante do livro e recomendo a sua leitura, principalmente para aqueles que procuram algo mais leve e divertido.


Gabriele Sachinski

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